Call for Papers – eLyra #16

ILCML

Género, Sexualidades, Raça. Que Poesia?

O título que escolhemos para o número 16 da revista eLyra – Género, Sexualidades, Raça. Que Poesia? – sugere já a inflexão teórico-crítica da nossa proposta: pensar de que modo a poesia, enquanto linguagem libertadora, desempenha um papel crucial nas
mudanças sociais e, ao mesmo tempo, em que medida as mudanças sociais são um motor de poesia nas mais variadas declinações do poema.

“O pessoal é o político”, reivindicavam os movimentos feministas do final dos anos 60, em diálogo com a conhecida abertura do discurso de Martin Luther King “Tenho um sonho”, ou com as declarações de orgulho da comunidade LGBT pela mesma altura. “Não
consigo respirar”, sussurrou George Floyd antes de morrer, assassinado em Maio de 2020, às mãos de um sistema em que a linguagem do ódio se tem vindo a sobrepor à da solidariedade, ameaçando destruir as conquistas alcançadas pelas mulheres e pelas minorias rácicas e sexuais. A resposta ao brutal assassínio de Floyd tem vindo a traduzirse numa onda de protestos a nível global, em que a respiração e seu silenciamento passaram a ter uma fortíssima carga simbólica, que se estende agora a uma sociedade que não viu cumpridas as promessas e as reivindicações formuladas há cinquenta anos – antes parecendo assistir ao perigo do seu esboroamento. Do mesmo modo, no Brasil, o genocídio acelerado dos índios pela pandemia da COVID-19 cria uma demanda de políticas/os justas/os, inclusivas/os quanto à diversidade do nosso mundo, preservando a selva amazónica, pulmão essencial para a nossa respiração.

A poesia, na sua vertente de inspiração, é também respiração. É que, como disse a poeta norte-americana Adrienne Rich, “numa época de ataques frontais à linguagem e à solidariedade humana a poesia pode lembrar-nos de tudo aquilo que estamos em risco de perder – inquietando-nos, encorajando-nos a romper com a resignação”. Este gesto de rebeldia implica denunciar e combater o crescente sexismo, racismo, homofobia, transfobia, que, enquanto geradores da clivagem social responsável pela manutenção da violência, não deixam de estar interligados.

Este número da revista e-lyra reflecte as preocupações da linha Intersexualidades, que, através de alguns dos seus membros, o organiza agora. Essas preocupações são promover uma reflexão crítica sobre corpos, políticas sexuais e relações de poder, num espaço transnacional alargado, a partir das perspetivas fornecidas pelas teorias contemporâneas sobre género, sexo e sexualidades, cruzadas com uma outra categoria: a raça. Interessam-nos estudos que se debrucem sobre o género e as sexualidades, cruzando-os preferencialmente com a questão da raça, dando, assim, conta da experiência de opressões sobrepostas.

Interessam-nos, pois, poetas e poéticas que alteram o modo como entendemos o mundo em que vivemos, interrogando os sistemas políticos e culturais, fazendo-o de forma interseccional, ou seja, evidenciando o cruzamento entre o ético e o estético, mostrando como a poesia pode ser veículo para discurso cultural, produção de pensamento crítico e imaginação criadora.

Serão aceites artigos que, orientados num sentido teórico-crítico, ou de análise literária de obras específicas, ou de estudo da recepção, permitam abordar questões relacionadas com género e sexualidades; género e raça; sexualidades e raça; género, sexualidades e raça.

Org.: Ana Luísa Amaral, Catherine Dumas, Graça Capinha e Marinela Freitas

Serão aceites trabalhos inéditos, de autor@s, doutor@s ou de doutorand@s, nos seguintes idiomas: português, inglês, francês e espanhol.
Não serão aceites trabalhos que não estejam de acordo com as normas da revista.
Envio das contribuições somente pelo email da revista eLyra: revistaelyra@gmail.com
Os artigos, inéditos e formatados de acordo com as normas da revista, deverão ser enviados para o email revistaelyra@gmail.com, até 1 de setembro de 2020